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sábado, 30 de julho de 2011

USA -- Pesquisa testa tratamento de esclerose com células-tronco

 Um grande teste clínico analisará o possível tratamento da esclerose múltipla (EM) com células-tronco, a fim de estabelecer se elas podem conter e inclusive reverter o dano cerebral ocasionado pela doença.
A pesquisa, na qual participarão 200 pacientes de todo o mundo, será liderada por cientistas do Imperial College de Londres, que receberam fundos da Sociedade de EM e da Fundação de Células-Tronco do Reino Unido para começar o teste no final deste ano.
Os especialistas tomarão células-tronco da medula óssea dos pacientes, depois as tratarão em laboratório e voltarão a injetar na corrente sanguínea, segundo os detalhes do teste divulgados nesta sexta-feira no Reino Unido.
Os pesquisadores esperam que as células-tronco encontrem um caminho até o cérebro para que possam reparar o dano causado pela EM, uma doença que causa lesões crônicas no sistema nervoso central e cujas causas são desconhecidas.
O pesquisador chefe deste estudo no Imperial College, Paolo Muraro, disse nesta sexta-feira que esta é a primeira vez que os especialistas se unem para provar células-tronco em EM em um teste de grande escala.
Os cientistas trabalharão em laboratórios em Londres e Edimburgo, onde cultivarão as células-tronco.
"O projeto de pesquisa de Muraro representa o primeiro teste deste tipo feito pelo Reino Unido sobre o uso de células-tronco para o tratamento de EM", afirmou nesta sexta-feira o presidente da Fundação de Células-Tronco do Reino Unido.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cerca de 9 mil brasileiros que sofrem do problema poderão ter acesso ao tratamento



THAÍS SABINO
A esclerose múltipla - doença que agride e lesiona o sistema nervoso central - ganhou um novo tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais. O medicamento usado na Europa e Estados Unidos começou a ser oferecido gratuitamente pelas Secretarias Estaduais de Saúde em julho. A terapia é indicada para os casos mais agressivos da doença. Além de ser mais potente do que os remédios já utilizados no País, o Natalizumabe traz mais comodidade ao paciente, pois ao invés da medicação acontecer diariamente ou semanalmente, a droga é aplicada apenas uma vez ao mês.
De acordo com o neurologista Rodrigo Barbosa Thomaz, do Centro de Atendimento e Tratamento da Esclerose Múltipla, o método é usado na Europa e Estados Unidos desde 2007. "A FDA aprovou o tratamento em 2007, a Anvisa em 2008 e a partir deste mês o remédio já começa a ser recomendado pelos médicos". O paciente com diagnóstico grave de esclerose ou que não responder aos demais medicamentos será encaminhado à nova terapia que estará disponível no Brasil todo. "A pessoa retira o remédio em um posto de saúde e depois procura uma clínica ou hospital para a aplicação na veia", explicou Thomaz.
Cerca de 9 mil brasileiros que sofrem do problema poderão ter acesso ao tratamento. A tecnologia já foi usada por mais de 75 mil pessoas em 60 países. Desde 2007, apenas 130 casos de complicações foram registrados. De acordo com o neurologista, o tratamento diminui a imunidade das células no corpo. "A pessoa pode pegar uma infecção viral que atinge o cérebro, onde o ambiente está desprotegido", informou ele. No entanto, ele ressaltou que os métodos de combate à doença já difundidos no Brasil têm uma maior quantidade de efeitos colaterais, como reações gripais, alterações de humor, danos no fígado e irritações na pele.
No Brasil, cerca de 200 pacientes brasileiros já iniciaram a terapia, sem apresentar problemas. Segundo Thomaz, o tratamento funciona a partir de anticorpos monoclonais. O Natalizumabe inibe uma molécula da superfície do linfócito, que permite a entrada e alojamento do glóbulo branco no cérebro. "Os linfócitos que causam a doença, se eles não conseguem entrar no cérebro, não provocam as lesões", explicou o neurologista. Apesar da eficácia comprovada, o tratamento não tem tempo de término previsto.
A doença
Estima-se que 30 mil brasileiros convivam com o problema. A esclerose múltipla provoca inflamação e destruição da estrutura que envolve o neurônio. A doença pode resultar em déficit cognitivo, cansaço e deficiência física grave que compromete a locomoção.
Em alguns casos, a pessoa fica dependente de muletas e até de cadeira de rodas. A dormência dos membros, visão embaçada, redução da mobilidade e desequilíbrio estão entre os principais sintomas.
Cerca de 9 mil brasileiros que sofrem do problema poderão ter acesso ao tratamento. Foto: Getty ImagesFoto: Getty Images

segunda-feira, 11 de julho de 2011

‘Quero e vou voltar a fazer tudo como antes’

Cláudia Rodrigues sobre esclerose múltipla: ‘Quero e vou voltar a fazer tudo como antes’
On June 1, 2011, in Neurologia, by admin
Fonte: Extra Online


Humorista consagrada por personagens como a Ofélia, do “Zorra Total”, ou a Marinete da série “A diarista”, Cláudia Rodrigues não deixa de fazer graça nem com a própria saúde. A atriz arrancou risadas dos participantes do 1 Encontro de Pacientes e Cuidadores, organizado pela Biogen Idec, no último sábado, em São Paulo, para portadores de esclerose múltipla. Cláudia tem a doença há dez anos e voltou à TV no mês passado, depois de um surto em 2009.



— Estava fazendo uma peça de teatro e comecei a sentir uma dormência no braço. Fiz os exames e veio o diagnóstico. Aí eu perguntei para o médico: “Vou poder ser mãe?”, e ele disse que sim. “Posso ir embora, então?”, brinquei. Essa era a única coisa que me importava — contou.

A tão sonhada filha chegou um ano depois. Hoje, é com Iza que ela brinca de quebra-cabeças para reforçar a memória, que às vezes falha. O surto há dois anos deixou a atriz temporariamente fora das telinhas.

— Fiquei muito feliz de voltar a fazer a Ofélia. Mas ainda acho que não está tão bom. Eu quero e vou voltar a fazer tudo como antes. Ninguém precisa ser tratado como coitadinho porque tem esclerose múltipla — afirmou Cláudia.

Saiba mais sobre a doença:

O que é?

Doença inflamatória crônica que afeta o sistema nervoso central. Atinge principalmente mulheres com até 40 anos. Há 30 mil pessoas com a doença no país.

Causas

Predisposição genética parece ser a principal causa.

Sintomas

Tontura, perda de sensibilidade e de coordenação motora e dificuldade visual, que persistam por mais de um dia sem razão aparente.

O que fazer?

Quem tem de 20 a 40 anos e apresenta esses sintomas deve ir a um neurologista.

Esclerose múltipla sob controle

Recém-aprovada no país, nova droga breca os ataques autoimunes ao sistema nervoso e dá aos portadores do problema em fase mais avançada uma chance de voltar a ter uma vida normal


A esclerose múltipla é uma doença autoimune sorrateira, que provoca uma espécie de curto-circuito nervoso. E assim desencapa os neurônios responsáveis pela troca de informações da central de comando com o resto do corpo, comprometendo, em questão de anos ou décadas, funções como a fala, a visão, a memória e a locomoção. Os responsáveis por esse tilt são alguns agentes tresloucados do sistema de defesa, que começam a agredir as bainhas de mielina, capas de gordura que revestem a cauda das células nervosas, e criam lacunas de conexão em sua rede de comunicação. A boa notícia é que o arsenal terapêutico ganha um novo aliado para amenizar os efeitos dessa falha no hardware: uma droga capaz de preservar os fios nervosos encapados.

O medicamento, testado em 75 mil pacientes mundo afora, traz esperança sobretudo a pessoas com o tipo remitente-recorrente do distúrbio, que representa 85% dos casos e ainda não tem cura. O remédio se chama natalizumabe, um anticorpo injetável desenvolvido pelos laboratórios Biogen Idec, dos Estados Unidos, e Elan, da Irlanda. Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária desde 2008, ele recebeu em 2010 a chancela para integrar as diretrizes terapêuticas da esclerose múltipla reconhecidas pelo Ministério da Saúde e deve ser liberado, em breve, a pacientes do Sistema Único de Saúde. "O natalizumabe tem entre 70 e 80% de eficácia na redução das inflamações do sistema nervoso, contra 30 a 40% dos fármacos convencionais", atesta o neurologista Rodrigo Thomaz, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Segundo ele, pelo menos 200 pessoas já fizeram o tratamento no Brasil, entre elas a atriz Cláudia Rodrigues, que acaba de voltar à TV depois de mais de um ano afastada. A droga concede a indivíduos em estágio mais avançado da doença a oportunidade de não passar o resto da vida em uma cama. "A indicação do remédio, porém, deve acontecer apenas depois de tentativas com a terapia à base de imunomoduladores, as drogas de primeira escolha", observa Thomaz. Isso porque, apesar de tanto benefício, a terapia com o natalizumabe também prevê riscos, especialmente o de infecções oportunistas graves. "Essa é a razão de ele só ser aplicado em centros de referência em esclerose múltipla, habilitados para monitorar os pacientes", diz o neuro.

A esclerose múltipla costuma se manifestar em pessoas na faixa de 20 a 50 anos, principalmente mulheres — e sua origem permanece desconhecida. Na fase inicial, a pessoa pode apresentar problemas de fala e dificuldade de engolir e, com o tempo, vêm a fadiga sem fim e os lapsos de memória. Há ainda relatos de depressão e alterações de humor. Outros sintomas são problemas de bexiga e intestino, visão dupla ou embaçada, falta de equilíbrio e coordenação, rigidez ou formigamento dos membros, além de disfunções sexuais.

Quando a desordem não é progressiva, o tratamento depende de imunomoduladores, drogas que ajudam a suprimir a sede de ataque das células de defesa malucas. Já nos casos mais agressivos, são usados os imunossupressores, que abalam toda a imunidade do paciente. Há médicos, no entanto, que apostam em outras estratégias de controle. O neurologista Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo, por exemplo, defende o tratamento com vitamina D. "Quanto mais baixos os níveis dessa molécula, mais ativa é a doença. Ou seja, as crises se tornam frequentes e aumentam o risco de sequelas", afirma. Para o médico, o déficit da vitamina seria um dos gatilhos do distúrbio.

No campo das promessas, há o transplante de células-tronco, realizado experimentalmente há dez anos pela equipe do imunologista Júlio Voltarelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. "Os primeiros resultados indicam que o procedimento evita o avanço da doença em 70% dos casos", conta o pesquisador. Segundo a reumatologista Daniela Moraes, da Unidade de Terapia Imunológica da instituição, foram concluídos cerca de 50 transplantes com essa meta. "A doença não regride, mas um paciente que andava de muleta continua andando de muletas", exemplifica a médica. Um avanço e tanto se pensarmos que seu destino poderia ser uma cama.

Rede preservada
O novo remédio natalizumabe neutraliza a ação das células de defesa agressoras ao impedir sua passagem do sangue para o cérebro

A doença
Na doença, o sistema imune ataca a bainha de mielina, massa esbranquiçada e gordurosa que reveste a cauda dos neurônios. Isso prejudica ou destrói a comunicação da célula com a sua vizinha. Em larga escala, há um comprometimento do sistema nervoso e da comunicação entre o cérebro e o corpo, afetando funções motoras, sensoriais e cognitivas.

A droga em ação
O natalizumabe é injetado na veia e se conecta às células de defesa que atacariam a bainha de mielina. Com essa ligação, os linfócitos não conseguem abandonar os vasos sanguíneos para detonar os nerônios. Isso reduz a inflamação, fenômeno que limita a comunicação entre as células nervosas.

As células-tronco
Tratamento reinicializa o sistema imune para que ele não agrida os nervos

1. O paciente é internado e submetido a sessões de quimioterapia para matar as células do seu sistema imunológico que estavam comprometidas pela doença e atacavam o sistema nervoso.

2. Células-tronco não afetadas por fatores ambientais são retiradas da medula óssea do indivíduo previamente. São essas unidades que, mais tarde, vão se transformar em células de defesa novinhas em folha, sem aquela memória que as incitaria a mirar os neurônios.

3. As células, após um período no laboratório, são devolvidas ao paciente e se multiplicam até formar um novo sistema imune, desta vez não agressivo. O tratamento envolve riscos, já que o paciente fica sem imunidade por um tempo, mas sua eficácia chega a 70%. Mesmo depois do procedimento, os pacientes continuam a tomar medicamentos por segurança.