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terça-feira, 31 de maio de 2011

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Ciência e Tecnologia
Seg, 30 de Maio de 2011 06:38
O óxido nítrico (NO) produzido por diversas células do corpo humano pode ser um regulador endógeno das células T-helper do tipo 17 (Th17), de acordo com um novo estudo realizado por um grupo internacional com participação brasileira. Prevenindo a proliferação de células Th17, o NO tem potencialmente a capacidade de controlar uma doença autoimune. O NO é uma molécula conhecida por seu envolvimento no controle de microrganismos patogênicos. As células T são glóbulos brancos envolvidos com a resposta imune contra tumores e agentes infecciosos. As células Th, embora não façam fagocitose, nem tenham atividade citotóxica, têm a tarefa de ativar e dirigir outras células de defesa do organismo.
O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. O trabalho teve participação de cientistas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) – ambas da Universidade de São Paulo (USP) –, da Universidade de Glasgow (Escócia) e da Universidade Aichi Gakuin, em Nagoya (Japão).

De acordo com uma das autoras brasileiras, Sandra Fukada, professora de farmacologia da FCFRP-USP, o estudo contou com experimentos in vitro e in vivo para mostrar que o NO pode ser um regulador endógeno capaz de prevenir a expansão das células Th17.

“Conseguimos demonstrar que o NO regula a diferenciação e expansão das células Th17. Isso é relevante porque essas células têm sido implicadas no desenvolvimento de diversas doenças autoimunes. Se conseguirmos controlá-las, poderíamos potencialmente modular essas doenças”, disse Fukada à Agência FAPESP.

A pesquisadora participou do estudo durante seu pós-doutorado na Universidade de Glasgow, feito entre 2008 e 2010. Fukada também realizou dois pós-doutorados na USP, entre 2006 e 2007, com Bolsa da FAPESP e entre 2004 e 2006, com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 2004 concluiu seu doutorado, também na USP, com Bolsa da FAPESP.

Segundo ela, a literatura internacional já mostrava que o NO é um mediador chave em diferentes funções biológicas. O grupo com o qual realizou o trabalho na Escócia havia publicado anteriormente que o NO, em baixas doses, potencializa a polarização de um outro subtipo de células T helper, as células Th1.

O grupo havia descrito também que o NO em altas doses era capaz de induzir um outro subtipo de células T com função imunossupressora – as células T reguladoras induzidas por NO (NO-Treg).

“Considerando que o NO é capaz de modular as células Th1 e as células Treg, surgiu a pergunta: será que o NO tem algum papel sobre a ativação das células Th17 e, como consequência, sobre as doenças autoimunes?”, indagou.

Esclerose múltipla

Os cientistas verificaram que o NO inibia a proliferação e a função das células Th17 in vitro. O grupo sugeriu que um dos prováveis mecanismos para esse efeito é que o NO inibe a expressão do receptor de hidrocarboneto de arila (AHR), que, por sua vez, é importante para a diferenciação das células Th17.

Para completar as evidências in vitro dos efeitos do NO sobre a célula Th15, os cientistas também buscaram evidências in vivo, utilizando o modelo de encefalomielite autoimune experimental (EAE), em animais deficientes para uma das enzimas que sintetizam o NO, a NO-Sintase 2 (NOS2), que é expressa em condições inflamatórias. De acordo com Fukada, o modelo animal de encefalomielite se assemelha com a esclerose múltipla em humanos.

“Os animais deficientes para NOS2 apresentaram uma forma mais severa da doença, em comparação àqueles que tinham níveis normais de NO. Paralelamente, verificamos que esses animais tinham altos níveis de AHR e de Th17. Isso sugere que o NO modula a proliferação das células Th17 que, por sua vez, regula a encefalomielite autoimune”, disse.

O artigo Regulation of type 17 helper T-cell function by nitric oxide during inflammation(doi/10.1073/pnas.1100667108), de Wanda Niedbala e outros, pode ser lido por assinantes daPNAS em www.pnas.org.

Agência FAPESP

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